a fotografia e o espelho | photography and the mirror || world photography day - luminous photography

PT

- a fotografia e o espelho -

Sobre as auto-inserções e as fotografias de espelho, os ‘esta sou eu, naquele dia’, de quando queremos recordar um sentimento, mais do que um sítio ou uma paisagem. Os 'também estou ali' de quando nos vemos rodeados de pessoas de quem gostamos, em situações onde somos felizes, mas somos os fotógrafos de serviço e sabemos que o mais provável é só aparecermos numa ou duas fotos. O momento em que somos só nós (ou quem se juntar no momento, que acontece tantas vezes e dá fotos tão felizes), e o que sentimos.

Acho que é por isso que, desde que me lembro de pegar na primeira máquina fotográfica (a tal polaroid das Spice Girls), tenho fotos minhas ao espelho. Antes de saber quem era a Vivian Maier, ou de ter grandes referências artísticas. Só eu, ou quem estiver à volta, mas especialmente eu, a minha máquina, e o reflexo do que sou naquele momento.

É uma representação mais fiel do que os auto-retratos que costumo publicar; não pede história ou criação, não há fantasia. Quem ali está é o eu que sou naquele momento, mais feliz ou mais triste, mais assoberbada ou mais leve. Também o faço em casamentos, em momentos mortos enquanto se espera pela noiva, ou em idas rápidas à casa de banho. Faço-o em estações de metro e em quartos de hotel desarrumados; de manhã cedo ou à noite, quando chego feliz de um concerto de coro. É um clique, um segundo. E fica ali, sempre. Muitas vezes, são as minhas fotos preferidas de uma ocasião qualquer. São as que me trazem a verdadeira recordação do que foi estar ali: de como me senti e de como me vi, de como correu, sem os artifícios da seleção de fotos e do filtro que nos habituámos a pôr sobre a nossa vida.

A minha comemoração do Dia Internacional da Fotografia, este ano, vai para as fotografias ao espelho. As mirror selfies, aquelas em que nos vemos bem, claras e límpidas. Aquelas em que somos mesmo, mesmo nós.


EN

- photography and the mirror -

About self-inserts and mirror photos, the ‘this is me on that day’, when you want to remember a feeling more than a place or a landscape. The 'I'm there too' of when we see ourselves surrounded by people we love, in places where we're happy, but we're the ones with the camera in our hands and we know that the most likely thing is that we'll only have a photo or two amidst hundreds. That moment when it’s just us — and whoever else joins in the moment, which usually creates the funniest photos — and the moment.

I think that's why, ever since I can remember holding a camera (the infamous Spice Girls polaroid) I have mirror photos of myself. Before I ever knew who Vivian Maier was, before I had most of my artistic references. It's just me — and whoever's around me, but especially me —, my camera and the reflex of who I am in that moment.

It's a truer representation than the self-portraits I usually take: there's no creation or story, there's no fantasy. The person in that photo is the me of the moment, happier or sadder, lighter or more overwhelmed. I do it in parties, I do it in weddings, when there's a dead moment and a mirror nearby. I do it in busy metro stations and disheveled hotel rooms. I do it in the morning light, and sometimes I do it at night, after I've come home from a choir concert. It's a click, a second. And it stays there, forever. A lot of the time, these are amongst my favourite photos of an occasion. They're the ones that bring me the true memory of what it was: of how I felt and how I saw myself, of how it went, without the artifice of culling and the filter we've gotten used to applying over our lives.

My World Photography Day commemoration, this year, goes to the mirror photos. Mirror selfies, the ones where we see ourselves bright and clear, light as day. The ones where we are our truest selves.


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